Dia a dia ou dia-a-dia | Tem hífen ou não?
Quem escreve em português já se deparou com a dúvida: afinal, é dia a dia ou dia-a-dia? Depois do Acordo Ortográfico de 1990, a forma correta é dia a dia, separada, sem hífen.
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Para não errar o uso do hífen, consulte um dicionário atualizado ou utilize o corretor ortográfico gratuito do QuillBot como aplicativo, teclado ou extensão do navegador.
Dia a dia ou dia-a-dia: quando leva hífen?
Não há mais distinções entre dia-a-dia ou dia a dia. A expressão nunca leva hífen, pois é uma locução — mais especificamente uma locução substantiva ou adverbial.
Segundo a Base XV do Novo Acordo Ortográfico, locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, adverbiais, prepositivas, etc.) não levam hífen, salvo casos consagrados pelo uso.
- Como locução adverbial, dia a dia equivale a diariamente, pouco a pouco.
- Como locução substantiva: dia a dia significa rotina, cotidiano.
- O atendimento melhora dia a dia.
Dia a dia é locução adverbial de tempo, modificando o verbo “melhora”.
Pergunta: quando/como o atendimento melhora? Resposta: dia a dia.
- Aprendemos dia a dia com a prática.
Dia a dia é locução adverbial de tempo, modificando o verbo “aprendemos”.
Pergunta: quando/como aprendemos? Resposta: dia a dia.
Dependendo da posição na frase, as locuções substantivas podem exercer diferentes funções sintáticas, como sujeito, objeto direto e adjunto adnominal.
- Ela simplificou o dia a dia da equipe.
Dia a dia é locução substantiva, funcionando como objeto direto do verbo simplificou.
Pergunta: ela simplificou o quê? Resposta: o dia a dia da equipe.
- O dia a dia exige paciência.
Dia a dia é locução substantiva, funcionando como sujeito da oração.
Pergunta: o que exige paciência? Resposta: o dia a dia.
- Dicas do dia a dia para estudar melhor.
Dia a dia é locução substantiva, funcionando como adjunto adnominal de dicas.
Pergunta: dicas de quê? Resposta: do dia a dia.
No caso, qualifica o substantivo, assumindo um valor adjetival (dicas cotidianas).
Em suma, a expressão “dia a dia”:
- Quando responde a perguntas como “quando?” ou “como?”, é locução adverbial.
- Quando responde a “o quê?” ou “quem?”, é locução substantiva.
Dia a dia ou dia-a-dia: por que perdeu o hífen?
Dia-a-dia ou dia a dia eram utilizados com ou sem hífen, a depender da função sintática (substantiva, adverbial). Porém, o Novo Acordo Ortográfico mudou essa regra e a forma correta é sempre sem hífen.
Quando a expressão tinha valor substantivo, referindo-se ao cotidiano, grafava-se com hífen (o “dia-a-dia”). O que agora é errado já foi amplamente utilizado e considerado correto.
A lógica foi simplificar a escrita: como essas expressões são formadas por palavras independentes, ligadas por preposição ou artigo, não faria sentido ter duas formas de escrevê-las, prevalecendo a grafia sem hífen.
| Tipo de locução | Antes do Novo Acordo | Depois do Novo Acordo |
|---|---|---|
| Substantiva |
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| Adjetiva |
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| Adverbial |
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Antes de ontem, fui à praia e tomei uma água de coco geladinha.
Ele passou a tarde inteira à toa na praça e estava lá bem à vontade.
No entanto, há exceções à regra.
O próprio Novo Acordo Ortográfico menciona explicitamente algumas locuções e expressões que devem continuar com hífen por serem formas já cristalizadas no uso da língua:
- Água-de-colônia
- Ao deus-dará
- À queima-roupa
- Arco-da-velha
- Cor-de-rosa
- Mais-que-perfeito
- Pé-de-meia
Pressupõe-se que apenas as locuções mencionadas no Novo Acordo mantêm o hífen. As que não aparecem na lista devem seguir a regra geral — ou seja, não levar hífen.
Locução vs. composto: qual a diferença?
Quando se fala em combinações de palavras na língua portuguesa, há distinções formais entre:
Ambos envolvem mais de um termo, mas cada um tem suas próprias regras de escrita, especialmente no uso (ou desuso) do hífen.
Locução
A locução é um conjunto de palavras que funciona como se fosse uma única classe gramatical — substantivo, adjetivo, advérbio, preposição, conjunção, etc.
Ela comprou um vestido cor-de-rosa. (Locução adjetiva)
Sinta-se à vontade para perguntar. (Locução adverbial)
Ele saiu, apesar de estar cansado. (Locução prepositiva)
Vamos conversar logo que você chegar. (Locução conjuntiva)
Ela aprende dia a dia. (Locução adverbial)
Ele fez um pé-de-meia para o futuro. (Locução substantiva)
Embora a maioria das locuções não possua hífen, há grafias consagradas, como é o caso de “cor-de-rosa” e “pé-de-meia”.
- Pé de meia (literal) → um pé com meia ou o par de uma meia.
- Pé-de-meia (figurado) → dinheiro guardado, poupança, reserva, economia.
Composto
O composto é a união de duas ou mais palavras que, combinadas, formam uma unidade lexical — isto é, uma única palavra no vocabulário.
Na escrita, essa unidade pode aparecer de duas formas:
- Justapostas com hífen: a ortografia preserva a separação gráfica entre os elementos quando cada parte ainda mantém certa independência de sentido (guarda-chuva, segunda-feira, primeiro-ministro, etc.).
- Aglutinadas: os elementos aparecem unidos numa só sequência gráfica, quando o uso consagrou a forma única (paraquedas, pontapé, mandachuva, etc.).
Peguei o guarda-chuva porque ia chover.
Ele foi nomeado primeiro-ministro.
A madressilva perfumava o jardim.
O paraquedas salvou a vida do piloto.
O campo estava cheio de girassóis.
Nos compostos formados por justaposição de palavras, há algumas regras específicas para o uso do hífen.
| Categoria | Quando usa hífen | Quando não usa hífen |
|---|---|---|
| Espécies botânicas e zoológicas | Sempre, salvo exceções.
Exemplos: couve-flor, erva-doce, bem-te-vi, cobra-d’água. |
Em exceções consagradas, cujos elementos se fundem.
Exemplos: madressilva, girassol. |
| Elementos além, aquém, recém e sem | Sempre.
Exemplos: além-mar, aquém-mar, recém-casado, recém-nascido, sem-cerimônia, sem-vergonha. |
Nunca. |
| Topônimos compostos
(Nomes próprios de lugares) |
Com elementos ligados por artigos ou quando iniciados por grã/grão ou forma verbal.
Exemplos: Baía de Todos-os-Santos, Albergaria-a-Velha; Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Traga-Mouros, Trinca-Fortes. |
Nos demais casos, com os elementos separados por espaço*.
Exemplos: Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco. *Guiné-Bissau e Papua-Nova Guiné são exceções à regra. |
| Advérbios bem e mal | Quando os advérbios formam uma unidade sintagmática e semântica com o elemento subsequente e tal elemento começa por vogal ou h*.
Exemplos: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado. *No caso de bem, outras consoantes se aplicam. Exemplos: bem-criado, bem-nascido, bem-visto, bem-mandado. |
Nos demais casos, com os elementos aglutinados*.
Exemplos: malcriado, malnascido, malsoante, malvisto. *Bem, no geral, leva hífen com outras consoantes, mas há exceções, como: benfazejo, benfeito, benquerença. |
Além desses casos, o Novo Acordo Ortográfico estabelece regras para o uso de hífen por derivação prefixal.
| Categoria | Quando usa hífen | Quando não usa |
|---|---|---|
| Prefixos hiper-, inter-, super- | Se o segundo elemento começa por h ou r.
Por exemplo: super-homem, inter-relação, hiper-humano. |
Nos demais casos.
Por exemplo: supermercado, intermunicipal, hipermetropia. |
| Prefixos em geral
(anti-, micro-, contra-, extra-, supra-, ultra-, semi-, arqui-, neo-, proto-, pseudo-, auto-) |
Se o segundo elemento começa por vogal igual ou h.
Por exemplo: anti-inflamatório, |
Nos demais casos.
Se o segundo elemento começa por r ou s, dobra-se a consoante. Por exemplo: contrarregra, ultrassom, |
| Prefixos sub-, sob- | Se o segundo elemento começa por b, h ou r.
Por exemplo: sub-bibliotecário, sub-hepático, |
Nos demais casos.
Por exemplo: submarino, subsolo. |
| Prefixos ex-, vice-/vizo-, sota-/soto- | Sempre.
Por exemplo: vice-presidente, vizo-rei (arcaico), sota-capitão, ex-ministro. |
Nunca. |
| Prefixos com acento gráfico
(pós-, pré-, pró-) |
Sempre.
Por exemplo: pós-graduação, pré-histórico, pró-reforma. |
Nunca. |
Perguntas frequentes sobre dia a dia ou dia-a-dia
- Dia a dia é locução substantiva ou locução adverbial?
-
Dia a dia pode ser locução substantiva ou adverbial, dependendo do contexto.
Locução substantiva – quando tem o sentido de rotina, cotidiano:
- O dia a dia da cidade é corrido.
- Simplifiquei o dia a dia da equipe.
Locução adverbial – quando tem o sentido de diariamente, pouco a pouco:
- O tratamento melhora dia a dia.
- Estamos aprendendo dia a dia.
Em todo caso, a grafia não muda: sempre separada e sem hífen. O que muda é a função sintática que a expressão exerce na frase.
Sempre que estiver com dúvidas sobre a função de dia a dia e outras locuções, você pode perguntar ao Chat IA gratuito do QuillBot.
- Por que dia a dia perdeu o hífen, mas segunda-feira não?
-
Dia a dia perdeu o hífen porque, com o Novo Acordo Ortográfico, a expressão passou a ser tratada apenas como locução — e locuções não levam hífen, salvo exceções consagradas.
Dia a dia funciona como:
- Locução adverbial (“diariamente”, “pouco a pouco”):
- Ex.: O projeto avança dia a dia.
- Locução substantiva (“cotidiano”, “rotina”):
- O dia a dia no trabalho é intenso.
Antes do Novo Acordo, o uso substantivo era considerado uma palavra composta, por isso era grafado com hífen (o “dia-a-dia”), o que não se aplica mais desde então.
Segunda-feira é uma palavra composta por justaposição, quando os elementos se unem para formar um termo com sentido único. No caso, o sentido único é “dia da semana”.
Compostos tradicionalmente levam hífen, como “norte-americano”, “tio-avô” e “guarda-chuva”, mas há também casos de aglutinação, quando os elementos se fundem, como “girassol” e “pontapé”.
Em resumo: dia a dia não leva hífen porque é locução comum; segunda-feira mantém hífen, pois é composto tradicional.
Para não errar o uso do hífen, consulte um dicionário atualizado ou utilize o corretor ortográfico gratuito do QuillBot.
- Locução adverbial (“diariamente”, “pouco a pouco”):
- Como o uso de dia a dia em português se compara com o inglês e o espanhol?
-
Em português, a forma correta é sempre dia a dia, separado e sem hífen — seja funcionando como substantivo (o dia a dia da cidade grande) ou advérbio (estamos aprendendo dia a dia).
Essa norma está vigente desde o Novo Acordo Ortográfico.
No inglês, a regra é diferente:
- Quando a expressão tem valor adjetival, usa-se hífen:
day-to-day tasks (tarefas do dia a dia). - Quando tem valor adverbial, costuma vir sem hífen:
living day to day (vivendo dia a dia).
Ou seja, o inglês varia a grafia conforme a função sintática, como era em português antes do Novo Acordo Ortográfico.
No espanhol, a regra se aproxima da norma vigente em português: escreve-se día a día, separado e sem hífen, mas com acento em día.
Também pode ter valor substantivo (el día a día de los estudiantes) ou adverbial (mejoramos día a día).
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- Quando a expressão tem valor adjetival, usa-se hífen:
- É possível haver crase na expressão dia a dia?
-
Não. A expressão dia a dia nunca leva crase, porque faz parte de um grupo de locuções formadas pela repetição da mesma palavra.
Nesses casos, temos apenas a preposição “a” ligando os dois termos, sem artigo definido que justifique o uso do acento grave.
Exemplos:
- O projeto foi crescendo dia a dia.
- Pingou o remédio gota a gota.
- Os dois estavam frente a frente.
- As pessoas entraram uma a uma.
Em todos esses casos, a preposição “a” é apenas um elo de ligação, não a fusão de preposição + artigo.
Portanto, sempre que encontrar expressões com repetição da mesma palavra, como dia a dia, lembre-se: não há crase.
Para não errar o uso da crase, utilize o corretor ortográfico gratuito do QuillBot no seu dispositivo preferido.
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BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.
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