Metonímia | O que é e exemplos

A metonímia é uma figura de linguagem em que uma palavra ou expressão é substituída por outra que está intimamente associada ao conceito original.

Os escritores usam a metonímia para expressar uma ideia ou pensamento de uma forma original e poética, evitando também a repetição.

Metonímia: exemplo
  • Ele entregou o coração para quem não soube cuidar.

Nesta frase, “coração” representa o amor, o afeto e os sentimentos mais íntimos, mostrando a entrega emocional da pessoa.

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O que é metonímia?

Metonímia é um recurso retórico em que uma ideia ou objeto é referenciado com o uso de outra palavra ou expressão relacionada.

O recurso é usado para criar imagens vívidas, adicionar camadas de significado a um texto e transmitir ideias de forma concisa.

Metonímia: exemplos
  • O Brasil é o berço de grandes músicos.

Neste caso, “o berço” indica o lugar de origem ou nascimento de algo ou alguém, não literalmente um berço.

  • O Palácio do Planalto anunciou novas medidas econômicas.

No exemplo, “Palácio do Planalto” representa o governo brasileiro, já que é a sede oficial da Presidência da República, numa substituição do lugar pela instituição.

A metonímia é amplamente utilizada na literatura, em manchetes de jornais e na linguagem do dia a dia, tanto na fala quanto na escrita.

Muitas expressões idiomáticas cotidianas também fazem uso desse recurso.

Metonímia e expressões idiomáticas
  • Ele é a cabeça da operação.

Neste caso, “a cabeça” representa quem comanda, a liderança.

  • Ele mete a mão no bolso de todo mundo.

“Bolso” (recipiente) substitui “dinheiro” (conteúdo), indicando a ação de cobrar, explorar.

  • Ele trabalha muito para colocar o pão na mesa todos os dias.

A expressão fala sobre sustento. Se for considerado o encadeamento de ideias “pão → alimento → sustento”, há uma metalepse (metonímia em cadeia).

Embora a metonímia seja comum na literatura e na linguagem cotidiana, seu uso deve ser evitado na escrita acadêmica e na comunicação profissional.

Dica
Metonímia vem do grego metōnymía, que significa literalmente “mudança de nome”.

  • meta-: indica troca, transformação; como em “metamorfose” (mudança de forma).
  • -onímia/-ônim(o) → significa nome; aparece em “sinônimo” e “antônimo”.

A palavra foi adotada no latim como metonymia e entrou no português já com a forma atual, conservando a ideia de trocar um termo por outro que esteja próximo no sentido.

Tipos de metonímia e exemplos

A relação entre os dois conceitos que fazem parte de uma metonímia mostrará o tipo de metonímia que ela é.

Alguns dos tipos de metonímia mais frequentes são:

Causa pelo efeito

Neste tipo de metonímia, a palavra ou expressão utilizada indica a causa, mas quer falar do efeito que ela produz.

Metonímia: causa pelo efeito
  • Ela vive do seu suor.

Suor: esforço físico (causa) representa o trabalho ou rendimento (intermediário) que gera o sustento (efeito).

  • Jack, do Titanic, morreu de frio.

Frio: a temperatura extremamente baixa (causa) leva à hipotermia e à parada de funções vitais (intermediário), que leva à morte (efeito).

Nota
Expressões como “viver do suor” e “morrer de frio” ilustram a metalepse, subtipo de metonímia que funciona como “uma metonímia em vários degraus”.

O termo não aponta para o sentido desejado direto: ele percorre uma cadeia de ideias.

Efeito pela causa

É o inverso do tipo de metonímia anterior: usa-se o efeito para representar a causa que o produz.

Metonímia: efeito pela causa
  • Ele já carrega muitas rugas, mas tem energia de sobra.

Rugas: efeito visível de uma idade mais avançada (causa).

  • As olheiras mostram o quanto ela estudou.

Olheiras: aparência cansada (efeito) indica noites sem dormir, esforço mental (causa).

Recipiente pelo conteúdo

Este tipo de metonímia substitui o recipiente pelo que está contido nele: o conteúdo ou uma quantidade específica do conteúdo.

Metonímia: recipiente pelo conteúdo
  • Bebi uma garrafa inteira.

Garrafa: recipiente que, neste caso, representa o líquido dentro dela, pois o sujeito não bebeu a garrafa em si, mas o que está contido nela.

  • Ele tomou três xícaras de café.

Xícaras: o objeto (xícara) substitui o conteúdo, relacionando beber ao recipiente e não diretamente ao líquido. Se o exemplo fosse “ele tomou café”, não haveria metonímia.

Local pelo produto

Usa-se o nome de um lugar para designar o produto típico ou famoso que vem desse local. Este tipo de metonímia é muito comum com vinhos, queijos, cafés ou até times de futebol.

Metonímia: local pelo produto
  • Ela adora tomar um Bordeaux.

Bordeaux: região da França famosa por vinhos; aqui o local substitui o vinho.

  • Vamos abrir um champanhe para comemorar!

Champanhe: região francesa; o nome indica o espumante produzido lá.

Dica
Tecnicamente, pela legislação europeia, só os espumantes feitos na região de Champanhe, seguindo regras específicas, podem usar esse nome.

Espumantes de outras regiões são apenas espumantes ou prosecco, por exemplo.

Marca pelo produto

Um nome de marca é usado como sinônimo de um produto genérico. Este tipo de metonímia é muito comum na linguagem popular.

Metonímia: marca pelo produto
  • Tomei uma aspirina para aliviar a dor de cabeça.

Aspirina: marca usada como sinônimo de analgésico.

  • Passa um Bombril na panela!

Bombril: marca que virou sinônimo de palha de aço.

Autor pela obra

Neste tipo de metonímia, usa-se o nome de um autor ou autora para se referir à sua produção artística ou intelectual.

Metonímia: autor pela obra
  • Gosto de ler Machado de Assis.

Machado de Assis: o nome do autor representa seus livros.

  • Toca Raul Seixas!

Raul Seixas: o nome do cantor substitui suas músicas.

Instrumento pelo artista

Usa-se o nome do instrumento ou ferramenta para designar quem o utiliza. Esse tipo de metonímia aparece sobretudo em expressões técnicas ou artísticas.

Metonímia: instrumento pelo artista
  • Ela é a voz principal da banda.

Voz: instrumento vocal que representa a cantora.

  • Ele é o primeiro violino da orquestra.

Primeiro violino: instrumento que indica o músico líder.

Símbolo pelo simbolizado

Neste tipo de metonímia, o objeto simbólico é usado para falar da instituição ou coisa que ele representa.

Metonímia: símbolo pelo simbolizado
  • O súdito jurou lealdade à Coroa.

Coroa: símbolo da monarquia; representa o rei, a rainha ou a instituição.

  • O soldado perdeu a vida em nome da bandeira.

Bandeira: símbolo nacional que representa o país ou a pátria (simbolizado).

Concreto pelo abstrato

Neste tipo de metonímia, algo concreto, como uma parte do corpo, substitui uma coisa abstrata, por exemplo, uma habilidade.

Metonímia: concreto pelo abstrato
  • Ela tem olho clínico para negócios.

“Olho clínico”: o órgão físico representa percepção, observação aguçada.

  • Ele tem muita mão para a cozinha.

“Mão para a cozinha”: a parte do corpo representa habilidade para cozinhar.

Metonímia vs. Sinédoque

A metonímia e a sinédoque são figuras de linguagem que substituem uma ou mais palavras por outras relacionadas, mas não são exatamente a mesma coisa.

Toda sinédoque é uma metonímia, mas nem toda metonímia é uma sinédoque.

  • Metonímia: substitui uma ideia ou objeto por outro termo que tenha alguma relação de proximidade, associação ou contiguidade, seja ela real ou conceitual.
  • Sinédoque: é um tipo de metonímia, substitui um termo por outro por uma relação de extensão, marcada pela troca do todo pela parte (ou da parte pelo todo).
Metonímia vs. Sinédoque
  • Ele comprou um teto novo na praia.

É sinédoque, logo metonímia: “um teto” (parte) representa uma casa ou imóvel (todo).

  • Ele é um braço forte na equipe.

É apenas metonímia: “braço” (concreto) representa apoio, força de trabalho (abstrato).

  • Precisamos de mais braços na fábrica.

É sinédoque, logo metonímia: “braços” (parte) representam os trabalhadores (todo).

Indiretamente, também sugere apoio, ajuda.

Na sinédoque, há ainda outras formas de nomear as substituições dos termos cuja abrangência é maior (todo pela parte) ou menor (parte pelo todo) que o referente.

Sinédoque: exemplos
O brasileiro é apaixonado por futebol. (Singular pelo coletivo, parte pelo todo)

A gerência autorizou o
reembolso. (Coletivo pelo singular, todo pela parte)

Aquele ser humano precisa de ajuda. (Gênero pela espécie, todo pela parte)

Todo homem é mortal. (Espécie pelo gênero, parte pelo todo)

Alguns manuais consideram ainda a troca da matéria pelo objeto como uma sinédoque, por entender que uma coisa é parte essencial da outra, em uma relação de extensão.

Sinédoque: parte essencial ou matéria pelo objeto
  • A porcelana quebrou toda durante a viagem.

Porcelana: material cerâmico que constitui fisicamente a louça ou outros objetos.
A matéria é parte essencial do objeto.

✅ É sinédoque*. Logo, é metonímia, pois substitui o objeto por uma parte relacionada.

  • A tela de Tarsila foi arrematada por milhões.

Tela: é o suporte de tecido onde a pintura é feita, mas não é parte essencial da obra em si, que é composta pela tinta, forma, imagem.

Portanto, não é sinédoque. É metonímia por uma relação funcional, de associação.

*De acordo com algumas gramáticas.

Metonímia e figuras de palavra

Figuras de palavra (ou semânticas) são recursos que alteram o sentido literal para tornar a linguagem mais expressiva.

Além da metonímia, são figuras de palavra:

  • Comparação – coloca dois termos lado a lado usando “como”, “tal qual”, etc.
  • Metáfora – compara sem usar conectivos explícitos, fundindo as ideias.
  • Sinestesia – mistura sensações de sentidos diferentes (“cheiro doce”).
  • Catacrese – usa uma palavra “emprestada” quando falta termo específico (“braço da cadeira”).
  • Perífrase – nomeia algo pelo traço que o destaca (“Cidade Luz” para Paris).
Metonímia e outras figuras de palavra
  • A caneta do poeta é como um espelho da alma.

Metonímia: “caneta” substitui “escrita”.
Comparação: usa “como” para ligar a “caneta-espelho” à alma do poeta.

  • Ela é a voz que dá vida à banda.

Metonímia: “voz” representa a cantora.
Metáfora: a “voz” é tratada como “a essência” ou “a alma” do grupo.

  • O jazz de Miles colore o ar com acordes macios e quentes.

Metonímia: “Miles” vale por “música de Miles Davis”.
Sinestesia: mistura tato (“macios”) e temperatura (“quentes”) a um som.

  • O pé do sofá quebrou quando a casa vibrou com o gol.

Metonímia: “a casa” (lugar) substitui as pessoas que estão na casa vibrando.
Catacrese: “pé” é termo “emprestado” porque o sofá não tem membros reais.

  • O astro-rei despertou a cidade ainda sonolenta.

Metonímia: “cidade” representa as pessoas que moram nela.
Perífrase: “astro-rei” descreve o Sol por meio de uma expressão marcante.

Além das figuras de palavra, há também:

  • Figuras de som ou harmonia, como aliteração e onomatopeia.
  • Figuras de pensamento, como paradoxo e ironia.
  • Figuras de construção ou sintaxe, como elipse e pleonasmo.

Metonímia na literatura e na música

Na literatura e na música brasileiras, a metonímia está presente o tempo todo.

Ao substituir um termo por outro relacionado a ele, as obras revelam de maneira criativa várias facetas da cultura do país.

Metonímia na cultura brasileira
  • “E o médico veio de Chevrolé / Trazendo um prognóstico…”

No poema A laçada, Oswald de Andrade escreve “Chevrolé” (da marca Chevrolet) no lugar de automóvel. Metonímia que ironiza o consumo industrial e estrangeiro no país.

  • “Devolva o Neruda que você me tomou / E nunca leu…”

Na música Trocando em miúdos, de Chico Buarque, o nome do poeta chileno Pablo Neruda ocupa o lugar do livro escrito por ele. Um caso clássico de metonímia.

  • “O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas.”

Em Poema de Sete Faces, Carlos Drummond de Andrade reforça a imagem de multidão, concentrando a presença humana em uma parte física, repetidas vezes.

É sinédoque (parte “pernas” pelo todo “pessoas”), logo também metonímia.

Execício sobre metonímia

Escolha qual alternativa melhor classifica a figura de linguagem em destaque nos trechos das seguintes questões:


Perguntas frequentes sobre metonímia

O que é um exemplo de metonímia?

Um exemplo de metonímia é a seguinte frase:

  •  A caneta é mais poderosa que a espada.

No exemplo, “a caneta” é usada para se referir à escrita ou ideias, enquanto “a espada” diz respeito à guerra e à violência.

Isso significa que as palavras podem ser mais fortes e influentes do que a força bruta.

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Qual é a diferença entre metáfora e metonímia?

Metáfora e metonímia são figuras de linguagem que ligam uma ideia ou coisa a outra, mas não são a mesma coisa e não devem ser confundidas.

  • Metáfora: estabelece uma relação de semelhança implícita entre coisas que, à primeira vista, não têm relação direta, sem usar palavras comparativas. Por exemplo:
    • Minha vida é um trem desgovernado.
  • Metonímia: ocorre quando se troca uma ou mais palavras por outras que tenham uma relação de proximidade, associação ou contiguidade. Por exemplo:
    • Li Clarice Lispector nas férias. (Autor pela obra)

Em resumo: a metonímia se baseia numa relação de proximidade ou associação, enquanto a metáfora se fundamenta numa relação implícita de semelhança imaginária.

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Qual é a diferença entre metonímia e comparação?

Metonímia e comparação (ou símile) são figuras de linguagem que ligam uma ideia ou coisa a outra, mas não são a mesma coisa e não devem ser confundidas.

  • Metonímia: acontece quando se substitui uma ou mais palavras por outras que tenham uma relação de proximidade, associação ou contiguidade. Por exemplo:
    • Ele bebeu uma garrafa. (Recipiente pelo conteúdo)
  • Comparação: define uma relação de semelhança explícita entre dois elementos, usando palavras de ligação (como, assim como, da mesma forma que, etc.). Por exemplo:
    • Minha vida é como um trem desgovernado.

Em resumo: a metonímia se apoia numa relação de proximidade ou associação, enquanto a comparação se baseia numa relação explícita (uso de como, feito, etc.) de semelhança imaginária.

Tem mais perguntas sobre o significado de metonímia? Pergunte o que quiser ao Chat IA do QuillBot e receba respostas acuradas na hora.

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Nova, L. (8 de outubro de 2025). Metonímia | O que é e exemplos. Quillbot. Retrieved 28 de outubro de 2025, from https://quillbot.com/pt/blog/figuras-de-linguagem/metonimia/

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Luana Nova, BA

Pós-graduada em storytelling com dados e bacharela em comunicação social. Especialista em design de conteúdo e linguagem simples. Atua em redação há 12 anos e faz pesquisa em web semântica.