Elipse | O que é a figura de linguagem e exemplos

A elipse é uma figura de linguagem que se baseia na omissão deliberada de palavras ou expressões que podem ser compreendidas pelo contexto. Dessa forma, quem lê ou fala consegue completá-las mentalmente, preservando a continuidade e o sentido do discurso.

Sua função principal é tornar a linguagem mais concisa, dinâmica e evitar repetições desnecessárias, contribuindo para a fluidez e o ritmo da comunicação.

Exemplo de elipse
  • Na rua, vemos muitos carros azuis e (muitos carros) vermelhos.

Nesta frase foi omitido o sintagma nominal “muitos carros” antes do adjetivo “vermelhos”, pois subentende-se com a menção anterior ao termo “azuis”.

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O que é elipse?

A elipse é uma ferramenta linguística versátil que permite brevidade, ambiguidade e efeito dramático, sendo encontrada na literatura, na fala e na comunicação cotidiana.

Na prática, a elipse consiste na supressão de elementos como substantivos, pronomes, verbos, preposições, conjunções, entre outros, que já são conhecidos ou facilmente deduzidos, com o objetivo de simplificar a expressão ou criar um efeito de continuidade.

Exemplos de elipse
  • Em casa de ferreiro, (se usa) espeto de pau.

Este ditado omite a construção verbal “se usa” para enfatizar a oposição entre “ferreiro” e “espeto de pau”.

  • “A tarde talvez fosse azul, (se) não houvesse tantos desejos.” — Poema de Sete Faces, Carlos Drummond de Andrade.

Este verso omite a conjunção “se” para criar um efeito poético mais fluido e direto, intensificando a relação condicional entre a beleza da tarde e a ausência dos desejos humanos.

Significado de elipse

Elipse provém do grego élleipsis, que significa “omissão”.

A omissão de uma palavra pode ser feita, na gramática, para não repetir uma informação já mencionada ou que é subentendida.

No entanto, a elipse também pode ser utilizada como recurso literário para dar fluidez ao texto.

Nota
Em inglês, a palavra ellipsis se refere tanto a este recurso literário (elipse) quanto ao sinal de pontuação “…”

Porém, em português, o sinal “…” chama-se reticências, um sinal de pontuação usado para indicar interrupção, hesitação ou omissão de palavras em citações.

Tipos de elipse

Confira a seguir alguns dos principais tipos de elipse, de acordo com a categoria gramatical da palavra ou das palavras omitidas:

Elipse do substantivo

A elipse do substantivo (também chamada de elipse nominal) é o tipo de elipse em que se omite um substantivo ou sintagma nominal, pois ele pode ser facilmente identificado pelo contexto.

Elipse do substantivo: exemplo
  • Trouxe (café) com açúcar e sem açúcar.

Nesta frase, omite-se o substantivo “café” no início, pois ele fica subentendido pelo contexto da conversa.

  • Comprei três livros novos e dois (livros) usados.

No caso, omite-se o substantivo “livros” antes de “usados”, pois ele já foi mencionado anteriormente.

Quando o termo omitido já apareceu anteriormente, há um zeugma, tipo de elipse.

Elipse do pronome

A elipse do pronome ocorre quando se omite um pronome (geralmente pronome pessoal, pronome possessivo, pronome demonstrativo ou pronome relativo) que fica subentendido pelo contexto ou pela conjugação verbal.

Elipse pronominal: exemplos
  • Pedro joga futebol todas as tardes. Depois, (ele) leva o cachorro para passear.

No exemplo, omite-se o pronome pessoal “ele” (sujeito da segunda oração), pois fica subentendido que se continua falando da mesma pessoa da primeira sentença.

  • “A sala estava cheia de gente que conversava, ria, fumava.” (Lúcio de Mendonça)

No caso, ocorre a supressão do relativo “que”, que se refere a “gente”.

Esse tipo de elipse é usual em séries de orações objetivas coordenadas, como a anterior: “que conversava, que ria, que fumava”.

Nota
Em português (especialmente em português de Portugal), é comum que não se use os pronomes pessoais de 1ª e 2ª pessoas do singular e do plural antes do verbo, pois a conjugação já indica quem está realizando a ação:

  • Vou ao cinema hoje. (Não é necessário dizer “Eu vou…”)
  • Gostaste da apresentação? (Não é necessário dizer “Tu gostaste…”)

Usamos os pronomes quando queremos dar ênfase ou criar contraste entre as pessoas:

  • Tu partirás, nós ficamos.
  • Eu trabalho, tu descansas.

Elipse da preposição

Na elipse da preposição, omite-se uma preposição que seria desnecessário repetir ou que fica subentendida pelo contexto.

Elipse preposicional: exemplo
  • Ele adora leite com canela e (com) açúcar.

Esta frase omite a preposição “com” antes de “açúcar”, pois fica subentendida por já ter sido mencionada antes do substantivo “canela”.

  • (Na) Sexta-feira passada, fui ao cinema.
  • (De) Cabeça baixa, saiu da reunião.

As frases anteriores representam casos frequentes de elipse da preposição antes de adjuntos adverbiais. No caso, de tempo e modo, respectivamente.

Na literatura, há diversos exemplos da elipse da preposição.

Elipse preposicional: exemplos literários
  • “Uma vez certa que morria, ordenou o que prometera a si mesma.” (Machado de Assis)

Isto é: “de que morria”. A preposição “de” foi omitida.

  • “Entraram em casa, as armas na mão, os olhos atentos, procurando.” (Jorge Amado)

Ou seja: “com as armas na mão”. A preposição “com” foi omitida.

Elipse do verbo

A elipse verbal é um tipo de elipse em que se omite o verbo, pois fica subentendido pelo contexto.

Elipse verbal: exemplo
  • Amanhã, (teremos) reunião às 14h.

Neste exemplo, omite-se o verbo “teremos” (ou “haverá”), pois fica subentendido pelo contexto.

  • O céu estava azul e as nuvens, brancas.

Nesse caso, está oculto o verbo “estavam” depois do sujeito nuvens. Muitas vezes, quando há omissão verbal, é necessário adicionar uma vírgula para indicar a elipse.

É ainda um zeugma (tipo de elipse), pois o mesmo termo já havia aparecido na frase.

Na literatura, há diversos exemplos da elipse do verbo.

Elipse verbal: exemplos literários
  • “Parece que, quando menor, Sereia era bonita.” (Raquel de Queirós)

Na frase, há a elipse do verbo “era”: “quando era menor”.

  • “A fraqueza de Pilatos é enorme, a ferocidade dos algozes inexcedível.” (Machado de Assis)

No caso, está subentendida a forma verbal “é” depois de algozes.

Elipse da conjunção

A elipse da conjunção ocorre quando se omite uma conjunção ou locução conjuntiva que fica subentendida pelo contexto.

São comumente omitidas conjunções integrantes (“que”, “se”), condicionais (“se”, “caso”) e locuções conjuntivas, como “desde que”, “a menos que”, “contanto que”, “a fim de que”, “de modo que”, “para que”, entre outras.

Elipse da conjunção: exemplo
  • (Se) Tivesse estudado, teria passado na prova.

Nesta frase, omite-se a conjunção condicional “se” no início, pois fica subentendida pela estrutura condicional no pretérito.

Há ainda omissão do sujeito, que pode ser um pronome (eu/você/ele/ela), configurando uma elipse do pronome, ou um substantivo — seja nome próprio (Pedro/Maria) ou comum (o aluno/a garota) — caracterizando uma elipse do substantivo.

Na literatura, há diversos exemplos da elipse da conjunção.

Elipse conjuncional: exemplos literários
  • “A carinha de Neuma podia ser de chinesa, fossem os olhos mais enviesados.” (Raquel de Queirós)

Na frase anterior, foi omitida a conjunção “se”: “se fossem os olhos …”

  • “Fiz-lhe sinal que se calasse.” (Machado de Assis)

No caso, há a elipse da preposição “para”, que, somada à conjunção “que”, formaria uma locução conjuntiva final: “para que se calasse”, expressando finalidade/objetivo.

Elipse da oração

A elipse da oração omite uma oração inteira, pois seu significado pode ser deduzido a partir de uma oração anterior.

Elipse oracional: exemplo
  • Carlos não gostou nada que vocês não viessem; Maria não se importou (que vocês não viessem).

Neste exemplo, omite-se a oração subordinada “que vocês não viessem”, pois fica subentendido que o que não importou para Maria é o mesmo que não agradou a Carlos.

Na literatura, a elipse da oração ocorre com frequência.

Elipse oracional: exemplo literário
  • “As quaresmas abriam a flor depois do carnaval, os ipês em junho.” (Raquel de Queirós)

Na frase, omite-se:

  • O verbo “abriam”
  • O objeto direto “a flor”

Mantém-se apenas:

  • O sujeito “os ipês”
  • O adjunto adverbial “em junho”

Como foram omitidos múltiplos elementos da oração (não apenas o verbo), trata-se de uma elipse parcial de oração, e não simplesmente de uma elipse verbal.

A elipse da oração pode ser parcial ou total.

  • Elipse parcial de oração = omite-se o verbo + outros elementos (objeto, complemento, etc.), mantendo-se ao menos o sujeito.
  • Elipse total de oração = omite-se a oração inteira.
Elipse total da oração: exemplo
  • Perguntei se ele viria à festa. Respondeu que sim.

No exemplo, omite-se completamente a oração subordinada “que viria à festa”. Nada da primeira sentença aparece na segunda: nem sujeito, nem verbo, nem complemento.

Figura de construção ou sintaxe

As figuras de construção (ou figuras de sintaxe) são formas de escrever que fogem do padrão comum da língua portuguesa.

Elas são usadas para tornar o texto mais enxuto, mais expressivo ou mais elegante.

Além da elipse, são, entre outras, figuras de sintaxe:

  • Anáfora: repetição de uma ou mais palavras no início de frases ou versos consecutivos.
    • Exemplo: eu quero paz, eu quero amor, eu quero justiça.
  • Silepse: quando a concordância verbal, nominal ou pronominal se dá com a ideia subentendida, e não com a forma gramatical explícita.
    • Exemplo: todos os presentes agradecemos a sua paciência.
  • Pleonasmo: repetição de uma ideia por meio de palavras diferentes, com o intuito de reforçar ou enfatizar uma mensagem.
    • Exemplo: chorei lágrimas de dor.

Perguntas frequentes sobre elipse

Quais são 5 exemplos de elipse?

A elipse é uma figura de linguagem que ocorre quando se omite uma palavra ou expressão subentendida pelo contexto.

Confira 5 exemplos de elipse:

  1. Elipse pronominal:
  • (Eu) Vou ao mercado agora.

Omite-se o pronome pessoal do caso reto “eu” (sujeito da oração), pois o verbo “vou” já indica quem está realizando a ação.

  1. Elipse verbal:
  • Na sala, () apenas quatro cadeiras.

Foi omitido o verbo “há”, “tem” ou “constam”.

  1. Elipse nominal:
  • Prefere (suco) de laranja ou de maracujá?

Omite-se “suco” no início, pois o contexto dá a entender do que se trata. Também poderia ser “mousse”, por exemplo.

  1. Elipse preposicional:
  • (Na) Segunda-feira, tenho consulta.

Foi omitida a preposição “na” antes de “segunda-feira”, um adjunto adverbial de tempo.

  1. Elipse conjuncional:
  • (Se) Fosse mais cedo, daria tempo.

Omite-se a conjunção “se” no início, que é condicional.

Sempre que tiver dúvidas sobre figuras de linguagem ou qualquer outro tópico, você pode consultar o Chat IA gratuito do QuillBot.

Qual a diferença entre elipse e hipérbole?

Elipse e hipérbole são figuras de linguagem absolutamente distintas.

A elipse é a omissão de uma palavra que fica subentendida.

A hipérbole é o exagero intencional de uma ideia para dar ênfase.

Exemplo de elipse:

  • (Eu) Não aguento mais! (Omite-se o pronome/sujeito “eu”)

Exemplo de hipérbole:

  • Eu falei um milhão de vezes! (Exagera-se a quantidade para enfatizar)

Entretanto, figuras de linguagem podem aparecer juntas na mesma frase, criando efeitos combinados no texto.

Exemplo de elipse com hipérbole na mesma frase:

  • (Estou) Morrendo de fome!

No exemplo, constam:

  • Elipse do verbo “estou”
  • Hipérbole em “morrendo de fome” (exagero do estado de fome)

Resumindo: A elipse omite palavras para simplificar; a hipérbole exagera ideias para criar impacto.

Sempre que tiver dúvidas sobre figuras de linguagem ou qualquer outro tópico, você pode consultar o Chat IA gratuito do QuillBot.

Qual a diferença entre elipse e zeugma?

A elipse é quando omitimos qualquer palavra ou expressão que fica subentendida pelo contexto.

O zeugma é um tipo específico de elipse: acontece quando omitimos uma palavra que já foi mencionada antes na mesma frase.

Exemplos de zeugma:

  • Maria comprou flores; João, chocolates. (= João comprou chocolates.)
  • Pedro mora em São Paulo; Ana, no Rio de Janeiro. (= Ana mora no Rio de Janeiro.)

Os verbos “comprou” e “mora” já foram mencionados anteriormente, portanto, suas omissões configuram um zeugma.

Resumindo: todo zeugma é uma elipse, mas nem toda elipse é zeugma. O zeugma acontece apenas quando repetimos (omitindo) algo que já foi dito.

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Nova, L. (30 de outubro de 2025). Elipse | O que é a figura de linguagem e exemplos. Quillbot. Acessado e 18 de novembro de 2025, em https://quillbot.com/pt/blog/figuras-de-linguagem/elipse/

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Luana Nova, BA

Pós-graduada em storytelling com dados e bacharela em comunicação social. Especialista em design de conteúdo e linguagem simples. Atua em redação há 12 anos e faz pesquisa em web semântica.