Pronome se | Uso e funções

O pronome “se” pode ter seis funções no português brasileiro enquanto pronome e partícula:

  • Pronome reflexivo
  • Parte integrante de verbo pronominal
  • Pronome recíproco
  • Pronome apassivador ou partícula apassivadora
  • Índice de indeterminação do sujeito
  • Partícula de realce ou partícula expletiva

O pronome “se” pode ser chamado de pronome, partícula e parte integrante do verbo, pois estes são termos usados para designar uma palavra que acompanha o verbo.

Pronome se: exemplos
Ela se penteou para a festa. (Pronome reflexivo)

Ele queixou-se do atendimento. (Parte integrante do verbo pronominal)

Os amigos se abraçaram ao se reencontrarem. (Pronome recíproco)

Vendem-se casas no litoral. (Pronome apassivador)

Trabalha-se muito nesta empresa. (Índice de indeterminação do sujeito)

E não é que o João se foi embora sem dizer nada! (Partícula de realce)

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Usos do pronome se

O pronome “se” pode ser pronome, partícula ou parte integrante de verbo.

Esses termos significam que o “se” acompanha o verbo de diferentes maneiras.

O pronome “se” pode ter as funções de:

Nota
O “se” também pode ser utilizado no português brasileiro como:

  • Conjunção subordinativa integrante
  • Conjunção subordinativa condicional
  • Conjunção subordinativa causal

Mas como conjunção, não como pronome “se”.

Função de pronome reflexivo se

O pronome “se” é pronome reflexivo quando o sujeito pratica uma ação sobre si mesmo.

O pronome reflexivo “se” representa a 3ª pessoa do singular e a 3ª pessoa do plural, e o verbo concorda com o sujeito singular ou plural.

A depender do tipo de verbo, o pronome reflexivo “se” pode ter função sintática de:

  • Objeto direto
  • Objeto indireto
Pronome reflexivo se: exemplos
  • Maria se cortou ao descascar a maçã. (Maria cortou ela mesma)

Como “cortar” é um verbo transitivo direto, “se” funciona como objeto direto.

  • Miguel se olhou no espelho. (Miguel olhou ele mesmo no espelho)

“Olhar” também é um verbo transitivo direto, então “se” é um objeto direto.

  • Ana se deu um presente.

“dar” é um verbo transitivo direto e indireto, “um presente” é objeto direto, pois não vem introduzido por preposição.

Então “se” significa “a quem Ana deu o presente”, nesse caso “a si mesma”, ou seja, “se” funciona como objeto indireto.

  • Pedro se comprou um livro.

“Comprar” na sentença é um verbo transitivo direto e indireto, como “um livro” não é introduzido por preposição, funciona como objeto direto.

Então “se” significa “a quem se comprou o livro”, sendo introduzido pela preposição “a” e funcionando como objeto indireto.

Função de pronome recíproco se

O pronome recíproco é quando o pronome reflexivo “se” assume função de reciprocidade, por isso também é chamado de pronome reflexivo recíproco.

Pronome recíproco é quando dois ou mais sujeitos trocam uma ação simultaneamente, ou seja, realizam a ação um sobre o outro ao mesmo tempo.

Por ser dois ou mais sujeitos, o pronome recíproco só existe na forma plural.

O pronome recíproco “se” indica a 3ª pessoa do plural e o verbo concorda com o sujeito plural.

A depender do tipo de verbo, o pronome recíproco “se” pode ter função sintática de:

  • Objeto direto
  • Objeto indireto
Pronome recíproco “se”: exemplos
  • Os amigos se ajudaram durante a mudança.

“Ajudar” é um verbo transitivo direto, logo “se” é objeto direto.

  • Eles se abraçaram emocionados.

“Abraçar” também é um verbo transitivo direto, então “se” é objeto direto.

  • Os vizinhos se telefonaram à noite.

“Telefonar” é um verbo transitivo indireto, então “se” é um objeto indireto.

  • Eles se enviaram cartas.

“Enviar” é um verbo transitivo direto e indireto, como “cartas” não vêm precedido de preposição, então tem função de objeto direto.

Logo, “se” significa “a quem” e tem função de objeto indireto.

Função de pronome apassivador ou partícula apassivadora se

Pronome apassivador ou partícula apassivadora é o pronome usado para formar a voz passiva sintética.

A voz passiva é uma maneira de estruturar a frase em que o sujeito não pratica, mas sofre ou recebe a ação do verbo.

A voz passiva sintética é uma construção passiva mais compacta, formada pelo verbo mais o pronome “se”.

O verbo na voz passiva sintética concorda com o sujeito paciente, o sujeito que não atua, mas sofre a ação.

Nas frases com pronome apassivador “se”, não há agente da passiva, o termo ou pessoa que pratica a ação na voz passiva.

Todas as frases na voz passiva sintética podem ser transformadas em voz passiva analítica.

A voz passiva analítica é composta pelo verbo “ser” conjugado e pelo verbo principal no particípio, uma das formas nominais do verbo.

Pronome apassivador se: exemplos
Aluga-se um apartamento no centro. (Um apartamento é alugado no centro.)

Fazem-se reformas no prédio. (Reformas são feitas no prédio.)

Publicar-se-ão novos editais em breve. (Novos editais serão publicados em breve.)

Organiza-se uma feira cultural todo mês. (Uma feira cultural é organizada todo mês.)

Produzem-se peças artesanais nesta oficina. (Peças artesanais são produzidas nesta oficina.)

Função de índice de indeterminação do sujeito se

Índice de indeterminação do sujeito é o uso do pronome “se” para a formação de sujeito indeterminado.

Sujeito indeterminado é aquele cuja identidade não é conhecida; a ação existe, mas não se sabe ou não se diz quem a pratica.

O índice de indeterminação do sujeito só concorda com o verbo na 3ª pessoa do singular.

Há três tipos de verbos que podem ocorrer com o índice de indeterminação do sujeito:

  • Verbo intransitivo
  • Verbo transitivo indireto
  • Verbo de ligação
Índice de indeterminação do sujeito: exemplos
  • Vive-se bem aqui.

“Viver” é verbo intransitivo, pois não necessita de complemento verbal para ter sentido completo.

  • Precisa-se de voluntários.

“Precisar” é verbo transitivo indireto, pois necessita de complemento introduzido pela preposição “de”, ou seja, um objeto indireto.

  • Acredita-se em milagres.

“Acreditar” é verbo transitivo indireto, pois necessita de complemento introduzido pela preposição “em”, ou seja, um objeto indireto.

  • É-se feliz todos os dias.

“Ser” é um verbo de ligação.

Tal construção não é comum na linguagem coloquial, mas pode ser encontrada em textos literários para efeito estilístico.

Função de parte integrante de verbo pronominal se

O pronome “se”, como parte integrante de um verbo pronominal, é quando o “se” faz parte da forma infinitiva do verbo.

Verbo pronominal é aquele que necessita de um pronome oblíquo átono, inclusive na sua forma infinitiva. Sem o pronome, o verbo muda o seu sentido ou não existe.

O verbo pronominal pode ocorrer com o pronome “se” na forma infinitiva e com a 3ª pessoa do singular e do plural, mas também pode ocorrer com outros pronomes oblíquos átonos, a depender do sujeito.

Pronome se parte integrante de verbo pronominal: exemplos
Ela se queixou do atendimento no restaurante.

Eles se vangloriam das vitórias que conseguiram.

Você se queixa o tempo todo.

A moça se vangloriava de falar cinco idiomas.

Ele se dignou a responder à carta.

O grupo se apiedou da situação das famílias atingidas pela enchente.

Nota
verbos pronominais acidentais, que podem ou não aparecer com “se” como parte integrante, mas há mudança de significado.

Exemplos desses verbos pronominais acidentais são:

  • lembrar (“recordar algo”)
  • lembrar-se (“recordar-se de algo”)
  • enganar (“iludir alguém”)
  • enganar-se (“cometer um engano”)
  • ferir (“machucar alguém”)
  • ferir-se (“sofrer ferimento”)

Função de partícula de realce ou partícula expletiva se

A partícula de realce “se” ou partícula expletiva, ênfática “se” é um termo sem função sintática real na frase, usado apenas para dar ênfase, reforço ou emoção à ideia expressa.

A partícula de realce “se” pode ser retirada da sentença sem prejuízo ou mudança no seu significado geral.

Apesar de não exercer função sintática de objeto, em tese, a partícula de realce pode ocorrer com qualquer tipo verbal, sendo o mais comum com verbos intransitivos.

Apesar de ser permitida a ocorrência de partícula de realce com todos esses tipos verbais, algumas ocorrências não são nem um pouco naturais.

Partícula de realce se: exemplos
O chefe se foi sem se despedir. = O chefe foi sem se despedir.

Ela se levantou rapidinho e saiu. = Ela levantou rapidinho e saiu.

A menina se chegou mais perto para ouvir. = A menina chegou mais perto para ouvir.

O cachorro se deitou no tapete e dormiu. = O cachorro deitou no tapete e dormiu.

Pronome se | Exercícios


Perguntas frequentes sobre o pronome se

O pronome se fica antes ou depois do verbo?

O pronome “se pode ocorrer em três posições em relação ao verbo:

  • Antes do verbo (próclise)
  • No meio do verbo, intercalado por dois hifens (mesóclise)
  • Após o verbo, ligado por hífen (ênclise)

Alguns exemplos de frases com essas colocações são:

  • Nunca se venderam tantos carros como atualmente. (Próclise)
  • Construir-se-á um hospital nesse bairro. (Mesóclise)
  • Inaugurou-se uma nova escola ano passado. (Ênclise)

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O pronome do inglês it se refere a quê?

O pronome “it” em inglês é um pronome pessoal de 3ª pessoa do singular que se refere a coisas, animais ou ideias, podendo ser usado como pronome impessoal.

Exemplos de frases com o pronome “it” são:

  • I bought a new phone. It is very fast. (Eu comprei um telefone novo. É muito rápido.)
  • I saw a dog. It was sleeping. (Eu vi um cachorro. Ele estava dormindo.)
  • I like your plan. It sounds great. (Eu gosto do seu plano. É uma excelente ideia.)
  • It is raining. (Está chovendo.)
  • It is late. (Está tarde.)
  • It is 5 km from here. (Fica a 5km daqui.)
  • It is hot today. (Está quente hoje.)

Se você quiser saber mais sobre a tradução de termos, como o pronome it, do inglês para o português, ou vice-versa, teste o tradutor de texto gratuito do QuillBot.

Se é um pronome reflexivo?

“Se” é um pronome reflexivo quando indica que o sujeito faz e sofre a ação ao mesmo tempo.

Por exemplo:

  • Ela se olhou no espelho. (Ela olhou para si mesma.)
  • João se cortou cozinhando. (João cortou a si mesmo.)
  • O garoto se machucou jogando bola. (O garoto machucou a si mesmo.)

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Pode iniciar frase com pronome oblíquo?

De acordo com as regras da gramática tradicional, não se inicia frase com pronome oblíquo átono.

  • Disse-lhe tudo que sabia. 
  • Lhe disse tudo que sabia.

O pronome oblíquo tônico pode vir deslocado no início da oração quando vem introduzido de preposição.

  • Para mim, tudo isso é novidade!
  • Mim, tudo isso é novidade!

As regras da gramática tradicional são exercidas nos textos formais e oficiais.

No entanto, na oralidade do português brasileiro, é comum que se use pronome oblíquo em início de frase.

Exemplos da oralidade, música Maninha de Chico Buarque de Holanda:

  • Se lembra da fogueira?
    Se lembra dos balões?
    Se lembra dos luares dos sertões?”

Esta é uma das principais diferenças entre o português brasileiro e o português europeu contemporâneo.

Se quiser revisar o uso do pronome oblíquo, utilize o corretor de texto gratuito do QuillBot.

Qual é a diferença entre pronome oblíquo átono e pronome reflexivo?

O pronome reflexivo pode ser classificado como pronome oblíquo átono quando acompanha o verbo e não vem precedido de preposição.

  • Eu me vesti rapidamente.
  • Ela se machucou.

Ao mesmo tempo, o pronome reflexivo pode ser tônico, se vier acrescido ou contraído com uma preposição.

  • Ele só pensa em si.
  • Ela levou tudo consigo.

O pronome reflexivo indica que o sujeito do verbo age e é objeto da ação, ao mesmo tempo.

  • Maíra se levantou. (formal)
  • Maíra levantou ela mesma. (informal)

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Fontes deste artigo

Recomendamos fortemente o uso de fontes confiáveis para todos os tipos de trabalhos escritos. Você pode citar nosso artigo ou explorar os artigos listados a seguir para obter mais informações.

Este artigo do QuillBot

Ziober, F. (8 de outubro de 2025). Pronome se | Uso e funções. Quillbot. Acessado e 21 de outubro de 2025, em https://quillbot.com/pt/blog/pronome/pronome-se/

Fontes

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CEGALLA, D. P.. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

CUNHA, C.; CINTRA, L. F. L. Nova gramática do português contemporâneo. 7 ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2017.

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Fernanda Ziober, Ma.

Fernanda cursou bacharelado em Letras (Linguística e Literatura) e é mestre em Linguística. Ela é especialista em descrição gramatical e sociolinguística de variedades do português no Brasil e no mundo.