Personificação | Significado e exemplos
Personificação é uma figura de linguagem que atribui voz, gestos ou sentimentos humanos a animais, objetos e até ideias.
A técnica torna cenas e descrições mais vívidas, reforça a emoção do texto e aproxima os leitores das histórias.
O perfume correu pela sala, anunciando a primavera. (Objeto)
O gato resmungou de mau humor quando a chuva molhou suas patinhas. (Animal)
A esperança acendeu uma luzinha no canto do peito. (Conceito abstrato)
O vento cochichou segredos nas copas das árvores. (Fenômeno da natureza)
Também chamada de prosopopeia, a figura pode aparecer em vários gêneros literários — poesia, prosa, peças de teatro — e também na linguagem cotidiana.
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O que é personificação?
Personificação é atribuir pensamentos, sentimentos ou ações humanas a seres ou objetos que não são humanos. Um exemplo de personificação é “o vento sussurrou”.
Essa figura de linguagem aparece tanto na literatura quanto na linguagem do dia a dia.
Quando autores dão traços humanos a objetos ou ideias, a cena ganha vida e permite que leitores criem um vínculo emocional com esses elementos.
Já “As árvores beijaram o céu” une personificação e hipérbole em uma mesma imagem.
A palavra personificação vem do verbo personificar, que por sua vez remonta ao latim tardio personificāre.
- persona = “máscara de ator”, “personagem”, depois “pessoa”;
- -ficāre (deriva de facere) = “fazer, transformar”.
Literalmente, portanto, personificāre quer dizer “fazer virar pessoa”.
Quando chegou ao português (via francês personnifier ou diretamente do latim), ganhou o sufixo nominal -ção, formando personificação: o ato de “dar forma de pessoa” a algo não humano dentro do discurso.
Personificação e figuras de pensamento
A personificação é uma figura de linguagem classificada como figura de pensamento pelos principais manuais.
Figuras de pensamento são recursos literários que atuam no plano das ideias, mudando a imagem mental do leitor.
Animismo, animalização e apóstrofe fazem parte do grupo das figuras de pensamento e geram dúvidas em relação à personificação.
Por exemplo, para alguns manuais, animismo é um terceiro nome para personificação ou prosopopeia. Para outros, é uma subcategoria.
Entenda as principais diferenças entre essas figuras de pensamento:
Personificação e outras figuras de pensamento
Figura | O que realiza | Exemplo | Função no texto |
---|---|---|---|
Personificação / Prosopopeia | Atribui voz, emoção ou gesto específicos de humanos a algo não humano. | O vento sussurrou segredos ao luar. | Humaniza seres não-humanos, gerando empatia e efeito poético. |
Animismo | Ânima = alma. Se aproxima da personificação, mas sem exigir traço humano: basta “emprestar” vida (respirar, nascer, pulsar, etc.) a algo inanimado ou abstrato. | As chamas respiravam no escuro. | Acrescenta sensação de movimento ou energia, mantendo o objeto, ser inanimado ou fenômeno natural vivo, mas não necessariamente humano. |
Animalização / Zoomorfização | Projeta comportamento ou instinto animal em pessoa ou ser já vivo. | O detetive farejou cada pista. | Realça traços primitivos ou instintivos em seres humanos. |
Apóstrofe | Invoca diretamente alguém ou algo ausente, imaginário, abstrato ou inanimado sem transferir características. | Ó Tempo, tenha clemência! | O foco é o chamado, geralmente feito por meio de um vocativo*, não a atribuição ou transformação. |
*Vocativo é o termo usado para chamar, invocar ou interpelar alguém na frase.
Em suma: todo uso de personificação pressupõe animismo, mas nem todo animismo implica personificação (no sentido estrito de atribuir características humanas).
É bastante comum ver figuras de pensamento mescladas numa mesma frase, ampliando o impacto da cena:
- Vento, carrega contigo minhas mágoas!
Apóstrofe (invocação ao vento) + personificação (“carregar” emoções).
- Silêncio, estende tuas asas e abriga esta alma inquieta.
Apóstrofe (invocação ao silêncio) + animização (silêncio com “asas que abrigam”).
- Aquela noite, o céu chorava, enquanto a garota uivava de dor.
Personificação (céu “chorava”) + animalização (garota “uivava”).
Vale ainda entender outro conceito: antropomorfismo. Apesar de não ser considerado figura de linguagem, é um conceito facilmente confundido com personificação.
Personificação vs. antropomorfismo
O antropomorfismo cobre qualquer atribuição de traços humanos a não-humanos em qualquer contexto (arte, ficção, mitologia, etc.), com ou sem texto envolvido.
Pode ser pontual ou estrutural (ex.: estratégia narrativa) e funciona de modo literal dentro do seu contexto. O público aceita que o não-humano “é” humano.
- “Ao infinito e além!” (Buzz Lightyear, Toy Story)
Os brinquedos têm sentimentos e agem como humanos: isso é antropomorfismo. Mas a frase, isolada, não usa personificação como efeito de estilo; é só parte do personagem.
- As folhas dançaram ao vento.
A frase parte da linguagem figurada, pois ninguém supõe que as folhas saibam dançar. Isso é personificação: efeito de expressividade usado no enunciado de forma pontual.
Personificação: exemplos na literatura e no cotidiano
No romance Iracema, José de Alencar transforma o mar em personagem.
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa,
para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.”
O autor atribui aos mares a capacidade de compreender e obedecer aos seus desejos. Ao invocá-los diretamente (“serenai”, “alisai”), também pratica a figura retórica da apóstrofe.
Em Perto do Coração Selvagem, de Clarice Lispector, objetos domésticos “ganham vida e voz”.
O guarda-roupa dizia o quê? roupa-roupa-roupa.”
Silêncio e guarda-roupa ganham traços de intenção e consciência, passando a “agir” e “falar”, o que confere à cena um tom lúdico e inquietante, típico da prosa clariciana.
A onomatopeia “zzzzzz” — figura que imita sons por meio das palavras — reforça esse estado de personificação, ampliando a expressividade dos objetos na narrativa.
Na fala cotidiana, a personificação torna frases comuns mais divertidas e fáceis de imaginar:
Aquele pedaço de bolo está me chamando.
A impressora insiste em engolir papel.
Meu computador resolveu tirar folga.
A planta está suplicando por água.
Seja nas conversas ou nas páginas dos livros, a personificação empresta expressividade às frases, tornando-as mais vívidas e memoráveis, e cativando quem lê ou escuta.
Exercício sobre personificação
Escolha a alternativa correta em cada questão.
Perguntas sobre personificação
- Qual é um exemplo de personificação na prosa?
-
Em São Bernardo, Graciliano Ramos utiliza personificação para dar traços humanos a bichos e fenômenos da natureza:
“Lá fora os sapos arengavam, o vento gemia, as árvores do pomar tornavam-se massas negras.”
Este também é um exemplo de como a personificação pode dar vida a uma descrição.
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- Por que escritores usam personificação?
-
A personificação é usada por diferentes razões. Ao descrever entidades não humanas com características humanas, os escritores buscam:
- Criar empatia. Quando o vento “sussurra” ou o rio “canta”, o leitor sente essas coisas quase como se fossem gente.
- Revelar a relação do personagem com algo. Se o carro “abraça” ou a casa “acolhe” quem chega, fica claro que existe um vínculo afetivo entre eles.
- Deixar a cena mais vívida. Um relógio que “corre” ou uma chama que “dança” formam imagens fáceis de imaginar e prendem o leitor na história.
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- Qual é um exemplo de personificação na música?
-
Um exemplo típico de personificação está na música As praias desertas, de Antônio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes:
“As praias desertas continuam
Esperando por nós dois
A este encontro eu não devo faltar
O mar que brinca na areia
Está sempre a chamar
Agora eu sei que não posso faltar…”
Na canção-poema, o mar “brinca” e “chama”, verbos que supõem vontade e projetam intencionalidade, típicos do ser humano.
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